De Mão Santa à Boca-Rota

O senado hoje viveu, sem sombra de dúvidas, o pior de todos os seus dias, pelo menos, este ano. Acusações, tentativas de intimidação, clamores de falsos moralismos e, a cantilena que a tropa de choque da base aliada governista, formada pelos senadores do PMDB, mantém no sentido de defender o seu farol, o senador José Sarney. Difícil é, para nós, humildes telespectadores que, na frente da telinha, adoraríamos poder apartear alguns parlamentares e mandá-los às favas, para não usar de termo mais chulo. Eu acabei selecionando, uma das pérolas que mostra o quanto o fisiologismo e a falta de caráter mudam qualquer pessoa, mesmo aquelas que, no seu dia a dia, se apóiam na Bíblia, como é o caso do senador piauiense. Como presidente da sessão de hoje, Mão Santa mostrou qual é o seu verdadeiro preço. Após as agressões verbais recebidas pelo senador Pedro Simon, por parte do senador Fernando Collor quem, mandou o parlamentar gaúcho “engolir e digerir” o que havia dito, o senador Jarbas Vasconcelos fez as seguintes considerações: “Meu aparte foi para demonstrar minha solidariedade a V. Exª. Entendo que V. Exª foi agredido, e eu não iria para casa mais tarde sem me manifestar e oferecer a V. Exª essa solidariedade e pedir ao Presidente da Casa, que há ainda tempo para isso, que mande retirar das notas taquigráficas esse gesto que eu imagino impensado, açodado, que foi feito contra V. Exª. Era isso o que eu tinha a lhe dizer.” A reação do presidente da sessão deixou claro o quanto ele já está com o “rabo preso” com a tropa de choque do PMDB: “(Mão Santa. PMDB – PI) – Desculpe-me interrompê-lo. Senador Jarbas, com todo o respeito. Eu sou professor de Fisiologia. As palavras engolir e digestão nunca foram pejorativas para mim. Eu sempre as entendi até como uma pré-condição de vida. Eu não vi nenhum... Sou professor de Fisiologia.” E não é para menos, afinal, na mesma sessão, Mão Santa se regozijava por conta desta notícia: “A retomada das obras da construção do Porto de Luiz Correia foi comemorada pelo senador Mão Santa (PMDB-PI) que, da tribuna do Plenário, lembrou que a obra vem sendo aguardada há mais de um século pelo povo piauiense.” Pois é, este é o preço de nossa democracia, da nossa vergonha, este é o preço de nossos parlamentares.